sábado, 20 de março de 2010

O frio dói na pele. Caminho por uma mata aberta e escura. Apenas a lua ilumina e guia meus passos. A noite só está começando e pelo visto, vai durar uma eternidade.
Caminho devagar, há galhos quebrados e jogados no chão que podem machucar muito meus pés. Então, continuo caminhando devagar. Sinto gotículas de água impregnando meu corpo. São os orvalhos da madrugada presente na superfície de cada folha, em cada árvore.
Quanto mais ando, sinto o chão ficar mais perigoso, me machucar cada vez mais. Algo me atrai naquele lugar. Acho que se continuar andando, vou encontrar um lugar melhor. Onde vou poder passar a noite.
Os insetos da mata ficam curiosos com uma presença inusitada como a minha. Alguns deles desejam provar meu sangue para saber de qual espécie pertenço. Ouço o zumbido deles e sinto pontos de dor na minha pele. Talvez, eles queiram sujar meu sangue até que ‘fonte’ acabe.
Chego a um estágio que não sinto mais dor em meus pés, na pele, no corpo... Não sinto nada. Percebo neste momento que tudo seria mais fácil se não houvesse sentimentos e dores. Ou melhor, comprovo este fato neste exato momento.
Vejo distante ainda, um rio que cruza meu caminho. Fico ansiosa para chegar lá. Resolvo correr, correr em busca de algo que nem sei ao certo o que seria. Corro! Ao chegar bem perto do rio, desacelero e fico a contemplar. A lua refletia na superfície da água. Ela estava linda como sempre. E era como um sorriso fino me chamando para senti-la.
Vou descendo o rio, ao poucos meus pés sentem a água. É uma sensação muito boa. A água vai cobrindo meu corpo e não consigo parar de andar.
Pouco depois não sinto mais o chão. Estou flutuando, olhando a lua.
Navego por este rio tão encantador. Minha visão vai aos poucos ficando cada vez mais borrada. A lua se torna apenas um ponto claro, sem contornos. Sinto água entrando pelos meus ouvidos. Meu rosto fica coberto pela água. Enxergo o fundo do rio, e durmo num sono profundo.

Um comentário:

  1. http://www.youtube.com/watch?v=gQAPf6PD7Bo

    Eras! camila,tu escreves bem pra caralho!:)
    desculpa o palavrão

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