terça-feira, 23 de março de 2010

Parada.

Eram 18h e eu ainda esta ali; parada. Ônibus passavam ao meu lado, soprando um vento quente de seu motor juntamente com toda poeira possível, que a rua fazia questão de doá-lo. Meu cabelo assustáva-se com aquele vento quente, e que nada tinha de acolhedor. Meus olhos fitavam o nada no infinito. E meus pensamentos voam felizes ao meu redor.
Árvores brincaram animadas na esquina da rua. Suas pequenas brincadeiras me fizeram sentir o frio de uma noite que só estava começando.
Ouvi passos que passavam por mim, ignorando me presença. Passos apressados. Sempre.
Palavras soavam perto, palavras soltas, livres, alegres, tristes e dispersas. Voavam...
Aos poucos, senti moléculas de água em meu rosto. Aos poucos, bem aos poucos. Primeiro, uma; depois outra. Uma molécula caiu em meus cílios, o que se tornou um prisma diante de meus olhos. Era o meu arco-íris particular, deformado, único.
A junção de todas estas moléculas geraram uma gota que corria sobre minha face. O conjunto de gotas formou uma correnteza que passava por meu rosto. Senti água por entre meus dedos. Meu cabelo não fazia movimento algum. A visão estava turva.
Os pensamentos tinham voado para muito longe. Havia uma bola de ar condensado dentro de mim. Era esta condensação que fazia-me pesada. Mas bastava passa a mão por dentro, que logo sentiria o vazio. Estava vazia. Era frio.
Tudo estava desfocado.
A luz estava fria.
Fotografia ruim.
Meus olhos fitavam algo que estava acima da linda do horizonte. Fui saindo de mim. Liberdade. A nítidez começou a desabrochar. Não demorou muito para que a fotografia ficasse focada. Vi meu casulo. Ali, parada. Molhada. Chuva.
Molhada estava. A chuva cantava para mim. E eu hipnotizada continuava ali, parada.
Era a chuva quem lavava minh'alma. Era a chuva quem me adorava.
Chuva.
Eu ali, parada.

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