segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

De repente, não compreendo o que se passa, retorno à realidade. Percebo que estou no meio do caos.
"Você gosta de ficar neste caos?" - uma voz pergunta.
"Não!" - respondi com toda convicção possível.
Apesar de não gostar desse caos, permaneço no mesmo lugar. Parado. Sem a
mínima vontade de sair daí. Na verdade, a vontade é tanta que acabo ficando
paralisado.
Confuso?
O que será que está acontecendo?

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Sonho

O ritual era o mesmo todas as noites; Anutchia preparava-se para dormir com seu cardeninho ao lado. Pouco antes de dormir, ficava pensando na vida, nos problemas, nas pessoas... E mentalizava bons sonhos para sí, porque esta era umas das poucas maneiras de conseguir evasão deste terrível mundo.
Seus pensamentos nesta noite se distinguiam um pouco do que sempre estava costumada a pensar. Anutchia, resolverá ler velhos pensamentos escritos em seu caderninho. Lembrou-se de uma noite em que estava extremamente triste com a vida. Escreverá que não desejava mais pensar tanto numa coisa, ou melhor, numa pessoa. A vida por algum motivo os afastou. E não conformada, lamentará-se todos os dias a partir do momento da despedida.
Refletia em como seus amigos eram felizes. Desejou ter a mesma felicidade. Sabia muito bem que poderia ser tão feliz quanto eles e que tudo dependia unicamente dela. Tomar consciência desse fato era também admitir que isto era um processo difícil. Resolvida a querer ser feliz por completa, decidiu afasta-se dos pensamentos que a fazia triste e para de lamentar por não ter quem ama perto.
Pensando muito em tudo isto, Anutchia caiu no sono.
De novo, a pessoa amada caminhava em sua direção. Desta vez, era diferente. Não era a pessoa de sempre. Seu modo de agir a fizeram lembrar de todos os defeitos da pessoa amada, defeitos que há muito já esquecera que um dia existiram. Era como se naquela hora apenas os defeitos existissem contido na pessoa.
A pessoa estava com raiva. Sim, raiva porque sabia que ela estava decidida a esquecê-la. Na verdade, esquecer não é bem a definição. Ela queria superá-la e lembrar apenas com carinho desta pessoa. Não queria mais ser triste, este era o objetivo principal. O resto? Consequência.
No sonho, eles brigaram. A pessoa amada ou ex-amada queria bater nela. Uma ira tão grande a sucumbiu. Não podia está acontecendo isso, NÃO! Ela não admiti isto é hipótese nenhuma. Anutchia sempre soube que a pessoa jamais faria uma coisa dessas. Como assim? Como pôde acontecer. Explicações faltaram.
Assustada, Anutchia acordou. Seu coração estava acelerado e sua respiração cansada. Acordou confusa, tentando lembrar do que havia sonhado. Não queria acreditar no que estava lembrando. Ficou mais confusa ainda.
Rapidamente, pegou seu caderninho e começou a escrever palavras soltas para não esquecer do sonho. Escreveu: "Eu, pessoa, briga, raiva". Durante o dia todo ficou pensando nisto. Chegou a conclusão de que há muito muito tempo estava idealizando a pessoa amada. Idealizando coisas que não existiam numa pessoa comum. Era isto que a fazia mais triste, porque lamentava por não ter a pessoa amada perfeita ao seu lado; sendo que um dia já teve. Lamentava por saber ou supor que não encontraria mais ninguém assim.
Sabia agora que a pessoa amada nunca foi perfeita. Porque a perfeição é algo que não existe em seres ditos humanos. Ainda somos matéria bruta e imperfeita. A partir deste momento, encontrou um motivo maior para ser feliz: Não havia perfeição nas pessoas. Então, ficou feliz por saber que era imperfeita e que não almejava isto. Ficou feliz por depois de muito tempo conseguir (re)perceber os defeitos da pessoa amada. Neste momento, agora, desejava muito que a pessoa amada fosse feliz na imperfeição humana que a circunda.
Finalmente, depois de anos conseguiu livrar-se de idealizações. Estava feliz com a sua realidade. Pela primeira vez, sentiu-se feliz como seus amigos eram.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Então, como quem vai à esquina, ela se foi para nunca mais voltar.

Dedicado à L.B. com carinho.
Exatamente assim aconteceu. Não entendi muito bem. Estávamos ótimas, conversando sobre a vida; reclamando, constatando, fofocando... Essas coisas que todo mundo faz.
De início, pensei que tinha dito algo que a magoou. Fiquei pensando um bom tempo nisto. Mas de acordo com minhas lembranças, eu mais a tinha escutado do que falado de fato. Ouvi todos seus lamentos, seus progressos e evoluções pessoais. Não posso negar que foi muito bom ouvir palavras que me fizeram perceber que já não mais conversava com uma menina. Não, era uma mulher que estava em minha frente, caminhando para a maturidade ou já se encontrava por lá.
De repente, foi tudo culpa da maturidade. Sim, foi ela a culpada. Porque depois de um tempo, tudo fica mais claro e frio, vamos perdendo toda ingenuidade. Apesar de que, há exceções. Mas no caso dela, especificamente dela não era exceção; era a confirmação de tal fato.
Ela tinha perdido sua ingenuidade e pureza. A maturidade queria a sucumbir por inteira; e eu não sabia se ela tinha permitido ou se aconteceu sem que ela percebesse ou se lutou contra isto e não obteve êxito. Não sabia que quase nada, pra falar a verdade.
Em alguns momentos, ela era ríspida em suas palavras. Falava com muito segurança e fé no que dizia quando citava fatos da vida. Depois de ouvi-la por um bom tempo, tudo parecia mais normal. E de certo modo, muitas coisas são. Só que as dimensões de fatos dependem de como lidamos com eles.
Ela parecia um anjo falando. Ou melhor, uma alma muito vivida e que depois de milhões de encarnação tem créditos para falar sobre a vida. Ela nem dá o valor que damos a vida, já que sabe que esta é apenas mais uma passagem, com reencontros, criação, conhecimentos novos e despedidas.
Então, como quem vai à esquina, ela se foi para nunca mais voltar. E eu estou aqui a esperá-la, tentando ainda absorver tudo que tinha me dito.